Rodrigo Cunha Oliveira*
Jacqueline Ramos Machado Braga**
Resumo
A transfusão de sangue é uma técnica que tem sido amplamente utilizada desde o século XVII e, apesar de ser um meio terapêutico, pode ser considerada de risco também, por conta das reações transfusionais que podem se apresentar. A transfusão de concentrados de hemácias que não estejam totalmente compatíveis é passível de causar reações transfusionais devido à aloimunização ou autoimunização, através dos anticorpos irregulares (AI). O presente estudo tem como objetivo verificar a frequência de AI existentes na base de dados de um Banco de Sangue STS. Trata-se de um levantamento de dados secundários acerca dos anticorpos irregulares de importância na prática transfusional de um banco de sangue da cidade de Salvador, Bahia, no período de 2009 a 2013 Do número total de pacientes avaliados, 37.594 (98,15%) apresentaram resultado negativo para AI, sendo o restante- 1,85% – correspondente aos 707 pacientes que apresentaram positividade nesse exame. Foram detectados, no período do estudo, 2.497 anticorpos registrados na base de dados. Deste total, 51,7% dos anticorpos foram identificados, sendo 1.247 aloanticorpos, 45 autoanticorpos e 1.205 anticorpos positivos sem identificação. Com referência à caracterização desses pacientes, foi observado que não houve diferença significativa quanto ao perfil etário entre os gêneros masculino e feminino. Quanto à frequência dos anticorpos, pôde-se verificar que as imunoglobulinas do Sistema Rh estão entre os mais frequentes, apresentando 57,95% do total de AI identificados. Este estudo indica que, nos pacientes transfundidos, aqueles AI mais frequentes foram os aloanticorpos Anti-D do Sistema Rh, provavelmente, devido ao seu alto grau de imunogenicidade.
* Biólogo. Agência Transfusional — Hospital do Subúrbio. E-mail: rodrigo_89@outlook.com
** Doutora pelo Programa de Pós-graduação em Imunologia da Universidade Federal da Bahia. Vice-Coordenadora Bacharelado em Biologia. Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Laboratório de Imunobiologia (IMUNOBIO) CCAAB/UFRB. E-mail: jacquebraga@globo.com