Isis Nunes Veiga*
Anamélia Lins e Silva Franco**
Resumo
A realidade das crianças portadoras de cardiopatia congênita é especialmente desafiadora. São sobrepostos limites decorrentes da condição biológica, social e dos sistemas de saúde. Analisou-se a experiência de mães de crianças com cardiopatia congênita em relação ao processo diagnóstico, tratamento e hospitalização. Foram entrevistadas quinze mães acompanhantes. A análise das entrevistas foi realizada sob duas perspectivas: análise do conteúdo das entrevistas e uma análise orientada por conceitos propostos no modelo Bioecológico de Desenvolvimento Humano. As mães têm seu cotidiano modificado pelas frequentes hospitalizações e pelos limites ditados pela doença e seu tratamento. Através do modelo bioecológico, os resultados apontaram as mudanças ocorridas nos quatro níveis ambientais dos quais as mães participam: o microssistema da mãe passou a ser composto por relações com profissionais de saúde; as mães desistem de trabalhar para cuidar do filho, o que demonstra interferência no mesossistema; o cotidiano da mãe fica submetido às regras e rotinas do hospital, com repercussões no seu exossistema; com relação ao macrossistema, foi observado que as condições estruturais do sistema de saúde brasileiro só passaram a ser conhecidas pelas mães após o processo diagnóstico e tratamento dos filhos.
Palavras-chave: Cardiopatia congênita. Mães de crianças cardiopatas. Hospitalização. Desenvolvimento humano.
*Fisioterapeuta, Mestra em Família na Sociedade Contemporânea (UCSal), Docente da Faculdade Dom Pedro II e da Faculdade Maurício de Nassau. E-mail: isisveiga@gmail.com
** Psicóloga, Doutora em Saúde Pública (UFBA), Profª. Adjunta do BI Saúde, UFBA. E-mail: anamelialins@gmail.com